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Mil e uma habilidades
Fafy Siqueira, nascida há 52 anos Fátima Siqueira, é uma daquelas artistas que impressiona pelo leque de habilidades artísticas. Famosa por seus trabalhos como atriz e comediante - ela é hoje Valquíria, a atrapalhada secretária do empresário Omar Pasquim, no folhetim global Cobras e Lagartos -, a carioca também é cantora e compositora. A veia musical já lhe rendeu prêmios como Globo de Ouro e Antena de Ouro como Cantora Revelação, ambos em 1974, além de outros 32 de melhor Intérprete de Festivais de Música pelo Brasil.

Fafy começou sua carreira de cantora em 1970, participando de grandes festivais de música pelo Brasil afora. Em 1984, deslanchou no mundo da interpretação. Sua estréia no teatro foi na peça Amor com direção de Marco Antonio Palmeira. Depois disso, não parou mais. Na televisão, fez trabalhos de destaque em novelas, minisséries, e claro, programas humorísticos. Os mais marcantes foram A Praça é Nossa e A Escolinha do Professor Raimundo. Quem não se lembra da Dona Jupira de A Praça é Nossa, a atrapalhada portuguesa que deixava todos constrangidos?

Não rir a seu lado é praticamente impossível. Tanto no teatro, quanto na televisão, o humor e a comédia são suas marcas registradas. Uma das imitações mais conhecidas da atriz é a do cantor Roberto Carlos. "Dizem que eu sou mesmo muito parecida com o Rei, não tem como negar", admite.

Despojada, engraçada e sem papas na língua, a artista multi-tarefas se define como uma apaixonada por óculos. Na peça Os Monólogos da Vagina, em cartaz no Rio de Janeiro, quatro das sete personagens que interpreta usam óculos em cena. Em meio a sua atribulada agenda, Fafy arrumou um tempo para falar à 20/20 Brasil sobre sua carreira e sua adoração por óculos.

-Por que você diz que Fafy é sinônimo de óculos de manhã, à tarde e à noite?

Fafy Siqueira - Sempre digo isso porque uso óculos o tempo todo, independente da hora e do lugar.

-Desde quando?

Fafy Siqueira - Minha paixão nasceu quando eu tinha quatro anos de idade. Como na época não havia modelos dedicados ao universo infantil, eu usava os da minha mãe. Ela, que sempre gostou de usar óculos, tem uma coleção enorme de modelos solares. Tenho certeza de que herdei dela essa paixão. Na época ela achava bonitinho eu usar, mesmo porque eu nunca quebrava. Tenho várias fotos da minha infância usando óculos. Hoje eu uso constantemente. A Fafy sem óculos não é a Fafy por inteiro.


-Mas você tem algum problema de visão?

Fafy Siqueira - Tenho. Eu não enxergo de perto, tenho a famosa presbiopia. Mesmo assim tenho uma coleção de óculos de grau, que eu uso faz dez anos que preciso deles. Mas eu tenho uma adoração por óculos em geral, tanto os solares quanto os oftálmicos.

-E como é a sua escolha: modelo, cor ou marca?

Fafy Siqueira - É mais pela cor. Eu gosto dos marrons clássicos e dos pretos. Fora esses, gosto muito do estilo tartaruga, por isso tenho que tomar muito cuidado para não ficar sempre com o mesmo modelo. Quanto ao formato, gosto dos modelos mais puxados para cima. Acabei de ganhar um estilo Ray-Ban, que não ficou bom para mim, porque não combina com o fato de eu ser gordinha e ter pescoço curto. Sempre vou optar por modelos que levantem a expressão.
Mas sou muito ligada em moda e gosto de saber quais são as novidades do mercado. Do mesmo jeito que escolho a roupa para sair de casa, escolho os óculos também.

-Qual o tamanho da sua coleção?

Fafy Siqueira - Hoje eu tenho 42 pares de óculos escuros. Uma coisa interessante é que eu sou carioca mas moro em São Paulo há 2 anos, então a maioria dos meus óculos tem as lentes muito escuras. Por isso estou fazendo uma nova coleção com modelos de lentes mais claras, indicadas para os dias nublados da terra da garoa.

-Não arriscaria um modelo colorido?

Fafy Siqueira - Não tenho nenhum até agora. Estou tentando me adaptar à idéia. Quem sabe... Apesar de ser humorista, sou um pouco conservadora e sei que o clássico não tem erro.

-Algum episódio engraçado envolvendo óculos?

Fafy Siqueira - Houve um episódio com o José Messias, jurado do Programa Raul Gil. Um dia nós estávamos gravando o programa e ele estava com um modelo de óculos muito parecido com o meu. Na hora nem percebemos, mas ele acabou trocando por engano não só os meus óculos, mas também o meu blazer, que era muito parecido. Uma confusão geral! Entramos em cena e eu bem que achei que a lente era forte para mim... e ele achando os dele muito fraco (risos). Só depois percebemos a confusão.

Tem também os presentes, que são um caso à parte... Muitos fãs sabem da minha adoração por óculos, então eu ganho uns modelos muito engraçados. O último foi um com uma serpente prateada envolta da haste. Muito brega. Eu fico até constrangida.

-Hoje você está em cartaz com a peça Os Monólogos da Vagina, de Miguel Falabella. Como está sendo a experiência?

Fafy Siqueira - Sou a mais nova no elenco da peça. Tenho um só um ano. No meu papel já passaram Claudia Rodrigues, Ciça Guimarães e Lúcia Veríssimo. Independente de ser um trabalho do Falabella, é um trabalho muito bonito e emocionante.

Essa é a minha primeira peça em que eu não canto nada. É até estranho, porque me considero uma atriz de musical. Mas o texto e a direção são emocionantes, e eu tenho a oportunidade de fazer graça, o que para mim já é maravilhoso. Gargalhada para mim é orgasmo, me faz muito bem. E é muito bom quando eu vejo as pessoas se emocionarem, mesmo com a comédia. Na cena final da peça, que é a do parto, eu choro todo o dia, talvez por ser a única das três atrizes que não é mãe.

É uma peça que mexeu muito com a minha cabeça.

Descobri que eu era ainda muito preconceituosa com algumas coisas. Depois dos Monólogos, mudei a minha maneira de pensar aos 52 anos de idade. E acho que ainda tenho muito que aprender.

-Há quanto tempo você está no meio artístico?

Fafy Siqueira - Na verdade, sou cantora e compositora. Estou nesse meio desde 1974, quando gravei o meu primeiro disco. De lá para cá venho fazendo carreira de compositora, de atriz, de cantora e por último de humorista.

-Como você se descobriu humorista?

Fafy Siqueira - Por ser tão ligada ao meio artístico e musical, eu me considero filha da música, e por isso, quando era jovem participava dos grandes festivais. Por influência de um namorado da época, comecei a fazer música para teatro, que foi meu primeiro contato. Quando a coisa na música apertou porque eu briguei com a minha gravadora, comecei a atuar no teatro. Eu digo que foi o teatro que me escolheu - era 1984 e eu já estava com 30 anos. No início atuava em peças clássicas, como Shakespeare e Goethe. Mas como sou muito palhaça e viciada em gargalhada, comecei a aliar a atuação a isso. Conheci o Chico Anísio e o Carlos Alberto Nóbrega e eles insistiram para trabalharmos juntos.

-Como é atuar em programas de humor?

Fafy Siqueira - Hoje tenho certeza absoluta de que o humor é uma missão espiritual para mim. Na minha carreira já passei pelo Zorra Total, Escolinha do Professor Raimundo e A Praça É Nossa. Fora diversas participações especiais, como no Sai de Baixo.

-Como é imitar o Roberto Carlos?

Fafy Siqueira - Eu imito o Roberto desde criança. Sou fã dele, muito apaixonada e conhecedora de sua obra. Sempre fazia isso no colégio e quando entrei no teatro, todo mundo pedia para imitar. Aí eu comecei a estudar o que seria essa imitação. E a minha faceta é mais performática do que a do Tom Cavalcante, por exemplo, que imita mais a voz. E eu sou mesmo muito parecida com o Roberto, não tem como fugir. Por isso limei o blazer branco e a camiseta azul clara da minha vida (risos). Mas apesar de imitação ser fácil para mim, não exploro muito esse lado. Minha prioridade é a interpretação e a música.

-Mas a maioria não conhece essa veia musical.

Fafy Siqueira - As pessoas não conhecem mesmo. O compositor nunca é conhecido, nunca é divulgado. Pouca gente sabe, por exemplo, que a aquela música "Marquei um X" da Xuxa é de minha autoria. Agora estou fazendo algumas composições com a Alcione. Mas já gravei com a Sandy e Junior, Sandra de Sá e até a Xuxa.

Fotos: Marina Almeida/General Optical


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