Walmir Gil
O REI DO TROMPETE
Mesmo desconhecido do público comum, o músico Walmir Gil é um dos melhores trompetistas brasileiros. Quem garante? Que tal Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gal Costa e Roberto Carlos? Nessa entrevista, ele larga o trompete e mostra seus óculos
Lilian Liang
O relógio marcava 10h50 da manhã, sexta-feira pós-feriado de Tiradentes. Tinha chegado dez minutos adiantada para a entrevista com o músico Walmir Gil, um ilustre desconhecido entre o público comum, mas considerado um dos mais talentosos trompetistas brasileiros - que o digam Gal Costa, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Bobby Short ou Benny Carter. Encontro-o na porta de seu prédio, numa avenida movimentada do centro de São Paulo, cabelo rastafári, óculos escuros pretos e pés confortavelmente calçados em Havaianas amarelas. "Ah, você já chegou? Estava correndo até a feira para tomar um caldo de cana..."
É desse jeito deliciosamente descontraído e despretensioso que Gil, como é conhecido, começa a contar, em seu apartamento no terceiro andar, como não poderia ter sido nenhuma outra coisa na vida. "Venho de uma família de músicos e militares - pai, avô, tios padrinho. Minha casa vivia cheia de músicos. Se tinha aniversário, tinha gente tocando. Era final de ano, tinha gente tocando. Alguém casava, tinha gente tocando. Na minha casa tinha músicos suficientes para formar uma big band", brinca.
Dono de uma carreira sólida, aos recém-completados 48 anos, Gil é hoje um dos primeiros nomes que se mencionam quando o assunto é trompete no Brasil. Apesar de inúmeras produções solo e com artistas famosos, a principal tradução da solidez e do pioneirismo de seu trabalho é a Banda Mantiqueira, que ajudou a criar no início da década de 90. No melhor estilo das big bands norte-americanas, mas com uma proposta brasileiríssima, a banda nasceu na casa que Gil dividiu com o líder do grupo, Naylor Azevedo, o Proveta, por 17 anos no Bixiga, em São Paulo. "A gente queria fazer uma banda instrumental brasileira que tocasse como as big bands americanas, tanto em nível técnico quanto espiritual, de vestir a música do país", diz, orgulhoso. O reconhecimento internacional veio em 1998, quando a banda foi nomeada ao Grammy de melhor jazz latino. Não trouxeram o prêmio para casa, mas a nomeação fez um bem enorme para o nome da Mantiqueira, que se projetou no mercado nacional e se prepara para lançar seu terceiro CD.
20/20 - Você tem problemas de visão desde pequeno?
Walmir Gil: Quando eu tinha 7 anos, estava brincando no quintal na casa do meu avô com uma cama velha ou algo que tinha mola e a mola bateu no meu olho direito. Tive que operar e fiquei com uma cicatriz que parece a marca da Nike nesse olho.
A miopia é conseqüência dessa cirurgia, que chegou a 11 graus no olho direito. No olho esquerdo fiquei só com 1 grau. Tenho até um par de óculos com a lente direita mais plana para não parecer que era muito grossa. Meu olho direito chegou a um ponto em que não me ajudava muito, porque eu só enxergava com a esquerda.
Operei da miopia há cerca de dois anos, mas não zerou meu grau. Uns amigos já tinham me falado da cirurgia a laser, mas resolvi esperar. Hoje eu consigo ler com o olho direito até certo ponto, mas ele ainda é um pouco problemático, ainda não está completamente recuperado. Ainda uso óculos para ver de longe.
20/20 - Quando você começou a usar óculos?
Walmir Gil: Aos 18 anos, quando fui tirar carta. Eu já tinha problema na vista direita, mas por causa do trauma os oftalmologistas não recomendavam óculos. O olho esquerdo, que era sadio, começou a piorar depois dos 18. Só aí é que eu fui comprar óculos de grau pela primeira vez, mas só usava para dirigir, ir ao cinema, assistir televisão. Já óculos de sol eu sempre usei porque eu morava no litoral paulista.
20/20 - E que tipos de óculos você costumava comprar?
Walmir Gil: Eu já era músico naquela época, mas tenho um estilo meio conservador com certas coisas: não uso brinco, não uso piercing. Meus óculos eram mais quadradinhos, certinhos, mas gosto de variar os modelos. Costumo comprar óculos de qualidade para que eles durem muito tempo. Meus óculos estão meio capengas mas são de boa qualidade! (risos)
20/20 - Você é descuidado com óculos, daqueles de sentar em cima deles?
Walmir Gil: Não só sento, como durmo com eles, perco, deixo cair, às vezes coloco no bolso sem caixa. Adoro dormir com óculos - o problema é que eles entortam! Agora eu tenho um especial para dormir, que já está bem estragado. Assim, quando eu estou lendo ou assistindo TV e acabo caindo no sono, não tem problema.
20/20 - Algum episódio marcante no relacionamento Gil-óculos?
Walmir Gil: A única coisa que eu lembro bem foi ter perdido um par no backstage em Atlanta, num show do Djavan - um Yves Saint-Laurent caríssimo, que eu comprei na Itália. O único que eu tinha comprado no exterior, com lentes fotocromáticas e tratamento anti-reflexo, já tinha uns dois anos. Fizemos o show em Atlanta, mas eu só me dei conta de que tinha perdido quando cheguei em Los Angeles. Até tentei falar com o produtor, mas ele me disse para esquecer, que uma outra banda já tinha até passado por lá e ninguém tinha falado nada. Guardei a caixinha (mostra a caixa vazia), na esperança de um dia voltar a Atlanta e encontrar meus óculos. (risos)
20/20 - Você toca de óculos?
Walmir Gil: Não, porque não tenho dificuldade de ler música de perto. Mas gosto de tocar com óculos quando tem alguma performance durante o dia, ao ar livre ou em lugar que tenha muita claridade, por exemplo, televisão. Ou se, por exemplo, o programa vai ser veiculado durante o dia. Gosto de aparecer no Faustão de óculos escuros às vezes. O povo sempre acha que é porque eu não dormi na noite anterior.
20/20 - A visão é indispensável para quem é músico?
Walmir Gil: A visão é um sentido importante, mas tem muita gente que não enxerga, como o Sérgio Sá, o Ray Charles, o Stevie Wonder, grandes músicos que aprenderam a ver com outros olhos que não necessariamente os físicos. Tenho um professor, o Bill Adam, que diz que o som está na mente, atrás dos olhos. Antes de você emitir um som, ele está na sua mente. E a nota que você vê no papel tem um som, que também está na sua mente. A visão é só um veículo. Se você tem a musicalidade, não enxergar deixa de ser um problema.
20/20 - E como a música molda a forma com que você enxerga a realidade?
Walmir Gil: A música me dá oportunidades que alguém que não é músico não tem. Você toca para o príncipe, para o presidente, mas também toca na favela. Você trabalha públicos de A a Z e conhece gente de A a Z e todos eles são seus amigos. Apesar da instabilidade, a música me dá liberdade. Meu avô, meu pai, meus tios eram músicos militares, por isso tinham muito mais estabilidade que eu, mas não podiam sair em turnê ou tocar com quem quisessem. Eu também queria ser músico militar, mas meu avô me tirou isso da cabeça. Disse: "Você precisa fazer que nós não fizemos: você está predestinado a conhecer o mundo e a gente vai conhecer o mundo através dos seus olhos".
20/20 - Você é um dos fundadores da Banda Mantiqueira. Ela é única no gênero no Brasil?
Walmir Gil: Se falarmos de estilo, não tem nada parecido. O criador da banda é o Proveta, que concebeu esse som. Ele colocou no papel e a Mantiqueira conseguiu fazer o som aparecer. A banda é única nesse sentido e já influenciou muitas outras. E essa banda também vem de uma influência brasileira, como Severino Araújo, e internacionais, como Count Basie, que eram as coisas que a gente ouvia quando morávamos juntos. Eu e o Proveta moramos 17 anos juntos. Acho que nunca morei tanto tempo nem com esposa. (risos)
Como um dos fundadores da banda, acho que a Mantiqueira é o meu principal trabalho porque ela era um objetivo. A gente queria fazer uma banda instrumental brasileira que tocasse como as big bands americanas, em nível técnico e espiritual, de vestir a música do país. E essa é uma meta que a gente vem atingindo.
20/20 - O problema é que, apesar de ser um som brasileiro, pouca gente conhece...
Walmir Gil: A música instrumental, de uma maneira geral, é meio elitizada, mas poderia ter uma divulgação melhor no Brasil. Se você ligar uma rádio agora, não vai ouvir música instrumental, com exceção da Cultura FM. O povo não tem acesso a música instrumental porque não existe incentivo, a mídia não se interessa. Se você ligar TV no domingo, não vai ver nenhum instrumentista tocando lá no Faustão ou no Silvio Santos. Tem uma TV que faz isso, mas nem todo mundo tem acesso a ela porque precisa ter cabo. É a TV Senado, que apresenta aos domingos à meia-noite o "Quem tem medo de música clássica?". Ma é a única coisa do gênero que eu tenho visto aí. A própria MTV não faz nada nesse sentido. A culpa não é do povo. O povo gosta de coisa boa. A música brasileira é uma música boa. Se você der, eles vão querer. Falta é incentivo.
20/20 - Qual sua apresentação mais memorável?
Walmir Gil: Uma que está bem guardada na memória foi o último conserto que a Mantiqueira fez nos EUA, em Detroit, em 2002, com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Foi no último teatro, no menor, mas foi impressionante. A banda estava ótima. O público aplaudiu de pé, pediu vários bis. Era um teatro muito pequeno, mas com muita energia, muita vibração positiva porque naquele palco também tocaram Miles Davis, John Coltrane, Charlie Parker...
Fonte: 20/20 Brasil
Mesmo desconhecido do público comum, o músico Walmir Gil é um dos melhores trompetistas brasileiros. Quem garante? Que tal Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gal Costa e Roberto Carlos? Nessa entrevista, ele larga o trompete e mostra seus óculos
Lilian Liang
O relógio marcava 10h50 da manhã, sexta-feira pós-feriado de Tiradentes. Tinha chegado dez minutos adiantada para a entrevista com o músico Walmir Gil, um ilustre desconhecido entre o público comum, mas considerado um dos mais talentosos trompetistas brasileiros - que o digam Gal Costa, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Bobby Short ou Benny Carter. Encontro-o na porta de seu prédio, numa avenida movimentada do centro de São Paulo, cabelo rastafári, óculos escuros pretos e pés confortavelmente calçados em Havaianas amarelas. "Ah, você já chegou? Estava correndo até a feira para tomar um caldo de cana..."
É desse jeito deliciosamente descontraído e despretensioso que Gil, como é conhecido, começa a contar, em seu apartamento no terceiro andar, como não poderia ter sido nenhuma outra coisa na vida. "Venho de uma família de músicos e militares - pai, avô, tios padrinho. Minha casa vivia cheia de músicos. Se tinha aniversário, tinha gente tocando. Era final de ano, tinha gente tocando. Alguém casava, tinha gente tocando. Na minha casa tinha músicos suficientes para formar uma big band", brinca.
Dono de uma carreira sólida, aos recém-completados 48 anos, Gil é hoje um dos primeiros nomes que se mencionam quando o assunto é trompete no Brasil. Apesar de inúmeras produções solo e com artistas famosos, a principal tradução da solidez e do pioneirismo de seu trabalho é a Banda Mantiqueira, que ajudou a criar no início da década de 90. No melhor estilo das big bands norte-americanas, mas com uma proposta brasileiríssima, a banda nasceu na casa que Gil dividiu com o líder do grupo, Naylor Azevedo, o Proveta, por 17 anos no Bixiga, em São Paulo. "A gente queria fazer uma banda instrumental brasileira que tocasse como as big bands americanas, tanto em nível técnico quanto espiritual, de vestir a música do país", diz, orgulhoso. O reconhecimento internacional veio em 1998, quando a banda foi nomeada ao Grammy de melhor jazz latino. Não trouxeram o prêmio para casa, mas a nomeação fez um bem enorme para o nome da Mantiqueira, que se projetou no mercado nacional e se prepara para lançar seu terceiro CD.
20/20 - Você tem problemas de visão desde pequeno?
Walmir Gil: Quando eu tinha 7 anos, estava brincando no quintal na casa do meu avô com uma cama velha ou algo que tinha mola e a mola bateu no meu olho direito. Tive que operar e fiquei com uma cicatriz que parece a marca da Nike nesse olho.
A miopia é conseqüência dessa cirurgia, que chegou a 11 graus no olho direito. No olho esquerdo fiquei só com 1 grau. Tenho até um par de óculos com a lente direita mais plana para não parecer que era muito grossa. Meu olho direito chegou a um ponto em que não me ajudava muito, porque eu só enxergava com a esquerda.
Operei da miopia há cerca de dois anos, mas não zerou meu grau. Uns amigos já tinham me falado da cirurgia a laser, mas resolvi esperar. Hoje eu consigo ler com o olho direito até certo ponto, mas ele ainda é um pouco problemático, ainda não está completamente recuperado. Ainda uso óculos para ver de longe.
20/20 - Quando você começou a usar óculos?
Walmir Gil: Aos 18 anos, quando fui tirar carta. Eu já tinha problema na vista direita, mas por causa do trauma os oftalmologistas não recomendavam óculos. O olho esquerdo, que era sadio, começou a piorar depois dos 18. Só aí é que eu fui comprar óculos de grau pela primeira vez, mas só usava para dirigir, ir ao cinema, assistir televisão. Já óculos de sol eu sempre usei porque eu morava no litoral paulista.
20/20 - E que tipos de óculos você costumava comprar?
Walmir Gil: Eu já era músico naquela época, mas tenho um estilo meio conservador com certas coisas: não uso brinco, não uso piercing. Meus óculos eram mais quadradinhos, certinhos, mas gosto de variar os modelos. Costumo comprar óculos de qualidade para que eles durem muito tempo. Meus óculos estão meio capengas mas são de boa qualidade! (risos)
20/20 - Você é descuidado com óculos, daqueles de sentar em cima deles?
Walmir Gil: Não só sento, como durmo com eles, perco, deixo cair, às vezes coloco no bolso sem caixa. Adoro dormir com óculos - o problema é que eles entortam! Agora eu tenho um especial para dormir, que já está bem estragado. Assim, quando eu estou lendo ou assistindo TV e acabo caindo no sono, não tem problema.
20/20 - Algum episódio marcante no relacionamento Gil-óculos?
Walmir Gil: A única coisa que eu lembro bem foi ter perdido um par no backstage em Atlanta, num show do Djavan - um Yves Saint-Laurent caríssimo, que eu comprei na Itália. O único que eu tinha comprado no exterior, com lentes fotocromáticas e tratamento anti-reflexo, já tinha uns dois anos. Fizemos o show em Atlanta, mas eu só me dei conta de que tinha perdido quando cheguei em Los Angeles. Até tentei falar com o produtor, mas ele me disse para esquecer, que uma outra banda já tinha até passado por lá e ninguém tinha falado nada. Guardei a caixinha (mostra a caixa vazia), na esperança de um dia voltar a Atlanta e encontrar meus óculos. (risos)
20/20 - Você toca de óculos?
Walmir Gil: Não, porque não tenho dificuldade de ler música de perto. Mas gosto de tocar com óculos quando tem alguma performance durante o dia, ao ar livre ou em lugar que tenha muita claridade, por exemplo, televisão. Ou se, por exemplo, o programa vai ser veiculado durante o dia. Gosto de aparecer no Faustão de óculos escuros às vezes. O povo sempre acha que é porque eu não dormi na noite anterior.
20/20 - A visão é indispensável para quem é músico?
Walmir Gil: A visão é um sentido importante, mas tem muita gente que não enxerga, como o Sérgio Sá, o Ray Charles, o Stevie Wonder, grandes músicos que aprenderam a ver com outros olhos que não necessariamente os físicos. Tenho um professor, o Bill Adam, que diz que o som está na mente, atrás dos olhos. Antes de você emitir um som, ele está na sua mente. E a nota que você vê no papel tem um som, que também está na sua mente. A visão é só um veículo. Se você tem a musicalidade, não enxergar deixa de ser um problema.
20/20 - E como a música molda a forma com que você enxerga a realidade?
Walmir Gil: A música me dá oportunidades que alguém que não é músico não tem. Você toca para o príncipe, para o presidente, mas também toca na favela. Você trabalha públicos de A a Z e conhece gente de A a Z e todos eles são seus amigos. Apesar da instabilidade, a música me dá liberdade. Meu avô, meu pai, meus tios eram músicos militares, por isso tinham muito mais estabilidade que eu, mas não podiam sair em turnê ou tocar com quem quisessem. Eu também queria ser músico militar, mas meu avô me tirou isso da cabeça. Disse: "Você precisa fazer que nós não fizemos: você está predestinado a conhecer o mundo e a gente vai conhecer o mundo através dos seus olhos".
20/20 - Você é um dos fundadores da Banda Mantiqueira. Ela é única no gênero no Brasil?
Walmir Gil: Se falarmos de estilo, não tem nada parecido. O criador da banda é o Proveta, que concebeu esse som. Ele colocou no papel e a Mantiqueira conseguiu fazer o som aparecer. A banda é única nesse sentido e já influenciou muitas outras. E essa banda também vem de uma influência brasileira, como Severino Araújo, e internacionais, como Count Basie, que eram as coisas que a gente ouvia quando morávamos juntos. Eu e o Proveta moramos 17 anos juntos. Acho que nunca morei tanto tempo nem com esposa. (risos)
Como um dos fundadores da banda, acho que a Mantiqueira é o meu principal trabalho porque ela era um objetivo. A gente queria fazer uma banda instrumental brasileira que tocasse como as big bands americanas, em nível técnico e espiritual, de vestir a música do país. E essa é uma meta que a gente vem atingindo.
20/20 - O problema é que, apesar de ser um som brasileiro, pouca gente conhece...
Walmir Gil: A música instrumental, de uma maneira geral, é meio elitizada, mas poderia ter uma divulgação melhor no Brasil. Se você ligar uma rádio agora, não vai ouvir música instrumental, com exceção da Cultura FM. O povo não tem acesso a música instrumental porque não existe incentivo, a mídia não se interessa. Se você ligar TV no domingo, não vai ver nenhum instrumentista tocando lá no Faustão ou no Silvio Santos. Tem uma TV que faz isso, mas nem todo mundo tem acesso a ela porque precisa ter cabo. É a TV Senado, que apresenta aos domingos à meia-noite o "Quem tem medo de música clássica?". Ma é a única coisa do gênero que eu tenho visto aí. A própria MTV não faz nada nesse sentido. A culpa não é do povo. O povo gosta de coisa boa. A música brasileira é uma música boa. Se você der, eles vão querer. Falta é incentivo.
20/20 - Qual sua apresentação mais memorável?
Walmir Gil: Uma que está bem guardada na memória foi o último conserto que a Mantiqueira fez nos EUA, em Detroit, em 2002, com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Foi no último teatro, no menor, mas foi impressionante. A banda estava ótima. O público aplaudiu de pé, pediu vários bis. Era um teatro muito pequeno, mas com muita energia, muita vibração positiva porque naquele palco também tocaram Miles Davis, John Coltrane, Charlie Parker...
Fonte: 20/20 Brasil