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Maria de Lourdes Veronese Rodrigues
Controle é fundamental para tratar glaucoma

É uma doença que pode levar à cegueira, porém os tratamentos atuais já oferecem um controle eficaz aos pacientes com glaucoma. Essa doença afeta mais pessoas acima dos 65 anos, mas pessoas com histórico familiar e com hipertensão arterial podem apresentar maior risco de desenvolver essa doença ocular. No entanto, diagnósticos precisos devem ser executados para confirmar que um paciente seja glaucomatoso. A abordagem do glaucoma ainda é muito abrangente e polêmica, mas muitas dicas relevantes puderam ser obtidas através de uma entrevista especial concedida pela oftalmologista Maria de Lourdes Veronese Rodrigues, docente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/Universidade de São Paulo.

FONTE: Site Dr. Visão (www.drvisao.com.br)

Que orientações básicas são recomendadas para um paciente com suspeita de glaucoma?

Maria de Lourdes Veronese Rodrigues: O diagnóstico de glaucoma tem que ser dado com uma série de exames que incluem: avaliação da cabeça do nervo óptico, campo visual, fundo de olho e a gonioscopia (exame do ângulo da câmara anterior para caracterizar o tipo de glaucoma). O paciente só pode aceitar um diagnóstico de glaucoma se forem feitos todos esses exames e não só medidas isoladas de pressão intra-ocular. Às vezes, o glaucoma nem apresenta dor, mas o paciente tem que se conscientizar que é um problema crônico e vai ter que tomar remédios para o resto da vida, a menos que seja feita uma cirurgia.

Dependendo do tipo de glaucoma, as medidas adotadas são distintas?

Maria de Lourdes Veronese Rodrigues: Se o paciente apresenta um glaucoma de ângulo estreito, normalmente vem por causa de uma crise e é submetido a uma cirurgia denominada iridotomia. Esses sentem dor, midríases e náuseas. Já no glaucoma de ângulo aberto, o paciente não sente dor e não apresenta sintoma. Normalmente é um achado ou então uma pesquisa em pessoas que têm história de glaucoma na família.

Qual a importância do diagnóstico precoce para evitar maiores danos para a saúde ocular?

Maria de Lourdes Veronese Rodrigues: O glaucoma não tratado pode levar à cegueira. A importância do diagnóstico precoce é evitar as perdas campimétricas, porque uma lesão mecânica (devido ao aumento de pressão intra-ocular) ou principalmente alteração da perfusão da irrigação sangüínea da cabeça do nervo óptico pode levar à perda de campo visual.

Como deve ser feito o acompanhamento de pacientes com glaucoma?

Maria de Lourdes Veronese Rodrigues: Basicamente, o exame de fundo olho e o campo visual devem ser feitos para um acompanhamento, mas outros exames complementares podem ser feitos também. Em pacientes com glaucoma, é muito importante fazer exames para verificar se houve progressão ou estacionamento da perda de campo visual. Normalmente fazemos exames para glaucoma a cada três ou seis meses, se a pressão intra-ocular (PIO) estiver controlada. Caso contrário, temos que fazer retornos mais próximos até encontrar o colírio adequado, que o paciente responda bem ao tratamento até atingir a PIO alvo. Para estabelecer a PIO alvo, levamos em conta a idade e expectativa de vida do paciente, o campo visual, histórico familiar entre outras condições para calcular a PIO alvo para cada paciente.

De que forma a conscientização pode repercutir numa melhor aderência ao tratamento?

Maria de Lourdes Veronese Rodrigues: A educação do paciente e de seus familiares é importantíssima para saber sobre os eventuais riscos dessa doença. Todos devem estar devidamente informados não só do glaucoma, é claro, mas essa doença tem um tratamento crônico difícil. Os pacientes têm que estar muito conscientes que o tratamento vai preservar a sua visão, têm que usar regularmente a medicação e com isso podem evitar uma cirurgia. Muitos não têm fidelidade e não aderem ao tratamento. Grupos de apoio também são muito importantes para orientar os pacientes para conviverem com o glaucoma por muitos anos.

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