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Wilson Simoninha
Filho de Wilson Simonal, uma das grandes vozes dos anos 60, o músico Wilson Simoninha tinha todas as razões do mundo para ser louco por um bom som. Aqui ele confessa sua outra paixão: os óculos, que já se tornaram sua marca registrada.

FONTE: Revista 20/20 Brasil.
Adriana Souza Silva

20/20 - Você tem algum problema na visão?

Wilson Simoninha: Curiosamente, não. Meu pai tinha, minha mãe tem e eu não tenho. Nunca tive problema nenhum.

20/20 - E óculos de sol, você usa?

Wilson Simoninha: Minha relação com óculos vem de infância. Sempre tive uma visão boa, mas desde criança ficava bravo por não precisar usar óculos, porque eu queria muito. Sempre achei que usar óculos fosse uma coisa bacana, esteticamente bonita. Não entendia por que as pessoas falavam que era chato.

20/20 - Você achava bonito até os óculos de grau de seus coleguinhas de classe?

Wilson Simoninha: Sempre achei bonito. Eu queria usar óculos, mas nunca precisei. Desde pequeno eu uso óculos de sol. O engraçado é que os óculos que eu usava quando era criança são os óculos que eu uso hoje. O Ray-Ban é um modelo que foi e voltou - é o que eu chamo de clássico. Usei todos os óculos possíveis, desde os quadradinhos até esses espelhados que parecem óculos de esqui. Lembro que estava de férias no Rio e vi que os cariocas tinham uma alça de borracha para segurar os óculos no pescoço. Comprei um daquele e usei no Guarujá. Os paulistas me paravam para perguntar onde eu havia comprado.

20/20 - Você já chegou a ter quantos óculos?

Wilson Simoninha: Não sei, nunca contei. Vou trocando, gosto de dar os óculos, não de jogar fora. Sempre tive muitos, bons e ruins. Tenho um armário onde guardo todos. Eu me lembro que recentemente fui emprestar um par para um amigo meu ir a uma festa à fantasia e cheguei a contar por cima. Devo ter uns 30 ou 40 óculos, alguns com mais de 15 anos.

20/20 - Como você compra óculos?

Wilson Simoninha: Compro geralmente quando viajo e vejo alguma coisa interessante. Faz parte
do roteiro. Também comprava no Brasil, mas agora tenho um patrocinador que representa várias marcas. Uma delas é a Ray-Ban.

20/20 - É verdade que você usa óculos em todos os seus shows?

Wilson Simoninha: Todos os shows. Uso óculos no dia-a-dia também. Fico o dia inteiro de óculos, mesmo em dias de chuva.

20/20 - E qual o critério para escolher qual dos 30 você vai usar?

Wilson Simoninha: Sempre tenho dois ou três favoritos. Hoje, tenho muitos óculos de lentes claras. Quer ver, pegue minha bolsa aí... (Simoninha tira da mochila dois pares, ambos Ray-Ban.) Tem esse mais clássico e esse mais estilizado. Tem um outro que não está aqui que eu uso muito também. Quando viajo, gosto de usar óculos de lentes escuras.

20/20 - E nos shows, lentes claras ou escuras?

Wilson Simoninha: Nos shows uso as duas. Depois que eu descobri as lentes claras, passei a usar mais. As pessoas podem ver mais meus olhos. No público, muita gente reclama e diz "Quero ver seus óculos".

20/20 - O que as mulheres pedem?

Wilson Simoninha: Meu público é bem dividido. Algumas pessoas gostam, outras acham que eu uso demais. Na capa do último disco, eu saí de óculos. Teve gente que reclamou. Mas é uma coisa que faz parte da minha vida, que eu gosto.

20/20 - Alguma fã já tentou pegar seus óculos?

Wilson Simoninha: Já aconteceu, sim. Evito dar moleza em shows com o par de que eu mais gosto, tomo mais cuidado. Mas isso faz parte. Uma história engraçada aconteceu no final da década de 80, uma época em que eu não tinha grana. Eu tinha um único par de óculos - era aquele e só. Lembro que eu estava num lugar público e fui ao banheiro. Coloquei os óculos na camisa e, não sei como, os óculos caíram dentro da privada! Para mim aquilo foi um troço. Já sou um cara meio nojento, e ainda era um banheiro público!

20/20 - Conseguiu resgatá-los?

Wilson Simoninha: Foi complicado. Tive de fazer a maior odisséia para pegar os óculos. Consegui recuperá-los, mas inventei de passar desinfetante, a armação estragou e eu acabei perdendo meu único par. Lembro desse episódio porque me traumatizou muito.

20/20 - A paixão por óculos veio de seu pai?

Wilson Simoninha: Não sei, talvez não. Ele usava no início da carreira, mas depois não quis mais. Nessa época, eu estava nascendo. Não sei de onde veio essa mania. Só sei que sempre achei as meninas que usavam óculos mais bonitas.

20/20 - Talvez de algum ídolo seu da infância?

Wilson Simoninha: Pode ser. Quando eu tinha uns 4 anos, uma idade em que se é muito observador, o Stevie Wonder, que estava no Brasil, passou um dia na minha casa lá no Rio. Eu me lembro que fiquei impressionadíssimo. Era o primeiro cego que eu tinha visto na minha vida, era estrangeiro e usava óculos. Aquilo me deixou fascinado.

20/20 - Por que você deu o nome de Volume 2 ao seu primeiro CD?

Wilson Simoninha: Terminei o disco em dezembro de 1999 e o disco saiu em abril de 2000. Só no fim das gravações, quando me perguntaram o nome do disco, percebi que não tinha pensado naquilo. Eu fiz muita coisa entre 87 e 99: produzi, gravei fita demo, participei do disco do João Marcello Bôscoli. Como já havia feito tanta coisa, achei que esse CD só podia ser o "volume dois". O outro motivo é que esse CD remete muito aos anos 60. E naquela época era muito comum os discos serem lançados em série, volume dois, três, quatro. Achei que era o nome perfeito.

20/20 - Agora você lançou o CD Sambaland Club. De onde veio o nome?

Wilson Simoninha: Sempre quis colocar esse link com o nome "samba". É uma idéia de 1997. Só que, em 1999, o Max, meu irmão, fez o disco Samba Raro. O Otto fez o disco Samba pra Burro, a banda do Fred Zero Quatro, de Recife, fez o Samba Esquema Novo. Então retomei essa idéia. O samba é uma palavra enigmática, é a essência do meu som.

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